segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Simplesmente nos jogaram nesta vida insólita
Sem lenço, documento ou manual
Nos ensinaram regras e costumes
E depois nos ensinaram a pensar...

E pensando indagamos o imutável
Aquele que desde de os tempos mais antigos
São o tema da busca de filósofos e pensadores
Aquilo que não muda
A essência...

Diante disso me questiono sobre a minha essência...
Ora ela é de jasmim
Ora ela é de campim
Ora ela é inodora...
Coloco-me diante das mais inesperadas situações
Em busca do que seria imutável em mim
E sem respostas...
Caio no abismo das convenções...
Não tenho essências... o que sou?

O pensar me resgata com ternura
Refaz todas as minhas perguntas
E me lança no balanço permanente
dos questionamentos...

Estou de volta a mim mesma
Um ser em movimento... de movimento
Que tem como imutável o próprio
"não ter imutáveis"
Depois que se abriu diante da janela
das idéias

Mas a emoção...
Essa ratoeira perigosa e pronta a nos seduzir
com um pedaço do queijo
da tradição...
do conveniente...
Urge por dissuadir-me da liberdade
de viver o que me escapa
e me afoga em dúvidas
latejantes...

A razão acompanha tudo..
E me olha desconfiada.
Intromete-se...
ao não interferir.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vim buscar a poesia
na beira do mar
E ela fugia de mim
Corria sorrateira
quase caçoando
do meu olhar.

Fui para calçada
Caminhei pela rua
Sempre a buscá-la
E ela não estava
aqui
nem lá

Cheguei a avistá-la
Numa banquinha
perto da esquina
Quando fui encará-la
Desfez-a paisagem.

Ficou apenas o vento
a chuva
e a busca.

@>--'--

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Doce ilusão cansada..

Arrastei-a pela mão

por toda a ladeira

Com euforia

rendia-lhe canções e poemas

Saltitava carinhos

Sorria aconchegos

Embalava sonhos

e dava-lhe de presente.



Ela pôs a mão no meu ombro

e sussurou baixinho e ofegante

ia largando-me pelo caminho

sentada na estrada

eu continuava a seguir

Olhei para trás um momento

ela respirava, exausta.



Fui adiante.



Na próxima esquina

Esperava-me a poesia.

@>--'--

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Saudades no jardim

Tão efêmera noite que ti trás ao meu pensamento.

Saudade, pequeno tempero na estrada.

A estrada que recebe tua insólida certeza de aventura

desenha curvas de imagens e músicas que me levam ao jardim.

A Chuva cai no jardim com o peso da saudade.

Os espinhos estão mais rudes na rosa em terras encharcadas.

As palavras sangram em ti e na rosa.

Na estrada a chuva abandou a saudade;

mas sem força ela continua a visitar a rosa.

O Banco

Sentei no banco para esperar a fantasia passar.

Não tinha ladrilhos nem pedras de brilhantes na rua.

Como meu amor poderia caminhar?

Sentada ao banco a lua me chamou para dançar.

Na espera pelo meu desconhecido amor, do banco não ousei me afastar.

O vento passou.

A chuva ameaçou.

So o meu amor não passou.

A lua que silênciosamente espreitava, cantou baixinho nossa melodia.

O banco vazio aguardava o meu novo fantasiar.

Varanda

A chuva da varanda secou a noite.

A lua cheia de pecados bateu a janela do quarto;

olhou pelo vitral, e ficou admirando a valsa dos corpos inquietos.

A chuva da varanda inundou o corpo que se banhava ao luar do jardim...

A varanda permanecia cheia de sombras molhadas e coloridas pelo vitral.

Com o cansar dos corpos no quarto, a lua foi brincar com a chuva no jardim.

domingo, 22 de agosto de 2010

Dos ventos...




Ainda sobre o telhado...
O vento me achou.
Sussurrou pra poesia
E me levou a seus braços
devagar...

Discutimos nossa relação
Brigamos pelas mesmas coisas bobas
E ficamos ali, parados
Na porta da inspiração.
Ela queria que eu entrasse primeiro
Eu lhe pedia que fosse antes
Suspiramos...
Ela partiu.

Colhi uma flor
Bem me quer
Mal me quer
Bem me quer
Mal me quer
Bem me quer.

Ela volta.

@>--'--

Luzes

Capinei cada canto de tua sombra,
que se esvaia no planalto.
os homens pastavam tuas palavras
com olhares de prisioneiros foragidos.

Refletia teu espírito de esperança
em terra que desmorona
sobre teus filhos.

Deitei e desenhei teus contornos virtuosos.
A ríspida pedra, de teus traços, queimam
a ousada mão que ti suplica.

Cantei alto e não me fiz escutar.
Gritei os delírios de teus fieis,
e larguei me aos pés incansáveis.

Fugi da luz e capinei mais a frente.
Fingi desconhecer te e fui mais a frente.
Cansei me e voltei para tua sombra.
Capinei as ervas de tuas palavras.

sábado, 21 de agosto de 2010

Cortei os galhos
que atrapalhavam a visão
do mar
Subi no telhado
E contemplei a espuma
desfazendo-se.
Contei para as estrelas
segredos
E escondi desejos
de cada uma delas
A poesia brechava pela janela
e não me encontrava
Eu estava acima do sol
ela seguiu.

@>--`--

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Das saudades...

A chuva levou o charme da lua
E abafou a voz da poesia
Que se dispersava pela noite,
chorosa
contemplativa.

Os sonhos vividos ou colhidos
Marcavam as nuvens
Com suas desiluões
Os limites reais e fugidios
Permaneciam no horizonte
Ignorando as ondas
e o vento.

Na porta de casa
Sentada no tapete "Bem-vindo"
Estava a saudade
Coloquei a chave devagar
E fui deixando-a se apossar
De minhas pétalas
e espinhos.

Quando entrei
Já não tinha forças
Sem charme
Sem lua
Sem sonhos
Só restava aquela
Que sentada a minha porta
Lembrava-me
de mim.

@>--'--

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tempo...

O tempo rasga ao meio
as vestes da nossa alma
Pinta-se de branco e absorve
todas as cores de nossa vida.

O azul da tristeza,
O rosa do amor,
O vermelho da raiva
ou da paixão.

Ele nos brinda com a ausência de cor
de vez em quando
Para que possamos ter todas as cores
outra vez.

O tempo...
Cada um com seu relógio.
Cada um com sua cor.

@>--'--

domingo, 14 de março de 2010

VII

A Ti desenhei planetas e muralhas.
Para ti ergui reinos, lancei teorias e modifiquei sociedades.
Por mim, vivi os divergentes amores platônicos.
Não abandonei nenhum de meus longínquos amantes...

Provei as mais acídas loucuras;
fora de mim, vi o que figurava sobre uma irreal forma.
Em ti... despejei rancores e luxuriei ao toque de tua carne.

A saliva banhava a boca, sedenta
em apelo ao proibido, ao pecado desfrutado.
O tremor conduzia a tempestade nas fantasias que a ti dediquei.

domingo, 7 de março de 2010

Mulher...

Assim como Hera,
tens as ramas de flores em cachos soltos,
reflete beleza leve e selvagem na força de Deméter;
ataca e retruca a presa,
nas corriqueiras paisagens marcadas sob vossos pés.
Descalça e talhada como objeto na sede humana,
fertiliza os filhos em teu seio de amor.
Guerreira, aventureira, poeta, feminina,
desdobrável em infinitas formas...
Assim a mulher forma-se e transforma-se.
Ser de face doce que maquia a força lapidada.
Mulherque trabalha, ama, educa, sofre em silêncio,
reage, cuida na noite, protege, dedica-se,
padece, reina, cansa, vive...
Mulher que congrega a constelação de possibilidades,
deixai vossa luz irradiar por planícies desconhecidas...

FELIZ DIA DA MULHER...

Insólito

Falta-me o ar entre teus algozes pensamentos;
cedo aos pecaminosos carinhos que concede-me em segredo.
Adormeço na espera de teu cheiro molhado,
transformo a mim em todas as outras...
O corpo estremece e contrai-se em flash,
falta me pudores diante de teus contornos.


Rosa Negra...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não esperava tua palavra
Mas tu apareceste...
E é só mais uma imaginação
Mais uma doce imagem
criada
construída
preservada.

Não esperava teu sorriso
Mas ele apareceu
estaticamente.
Apenas mais um sorriso
de tantos outros
que inspiraram poemas
sonhos
e devaneios.

Não esperava estar aqui
suspirando.
Vou ficar só mais um pouco
Alimentando as nuvens
Rabiscando na água
Os beijos
que nem quero te dar
Ou será?
Não esperava.