terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Achado & Perdido

Minha Rosa, encontrei um poema que marcou minha vida a alguns (muitos) anos atrás..
Será que você lembra dele?

Beijos saudosos


Poema concreto
Thiago de Mello

O que tu tens e queres saber (porque te dói)
não tem nome. Só tem (mas vazio) o lugar
que abriu em tua vida a sua própria falta.

A dor que te dói pelo avesso,
perdida nos teus escuros,
é como alguém que come
não o pão, mas a fome.

Sofres de não saber
o que tens e falta
num lugar que nem sabes,
mas que é tua vida,
quem sabe é teu amor.
O que tu tens, não tens.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu te desafio
Desafio a virar
o desafio do avesso

A desforrar os argumentos
Virando a mesa
de cabeça para baixo.

A desencobrir os laços
Que se formam sorrateiramente
entre nossos pés.

A desconfiar do segredo
Cozinhado a leite morno
Sob a lua cheia de desejo.

Eu te desafio
A desafiar-me
...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


Recostavas a cabeça no meu colo
E eu alisava teus cabelos
com doçura

A imagem se esvaia na areia
misturada com as ondas,
na espuma

O sorriso largo,
entranhado na ternura
assinou as lembranças.
De repente, não mais que de repente
o que antes era fácil e leve
tornou-se pedra
riscou a pele
e se escondeu.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

sonho



Em meus sonhos posso voar

e tenho asas tão grandes

que fazem sombra na paisagem.

Tenho multiformas,

com cores vibrantes,

carrego um sorriso tão encantador quanto o luar...

Sou eu,

sou você a sonhar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

te amo...
tanto que dói
e como dói

demoliram
só ficaram
lembranças

e como dói
tanto
que dói
apenas amo
te.

sábado, 2 de maio de 2009

Cheirinho...

Passeando pela vida
numa noite ensolarada
Lá estava
o cheirinho.

Esperava por mim
Sentado num alpendre
entre suspiros
e ansiedades.

Cheguei devagarinho
Com ar de passagem
Toquei de leve
seus cabelos
e parti.

Partindo me parti
Deixando-me um pouco
E seguindo com um
pedaço de mim.

Voltei para buscar
O tantinho que ficou
Impedindo-me de andar
E ele já não estava lá.

Levaram o cheirinho
Ou foi o cheirinho que levou
Se foi assim, assim
com a porção que me cabe.
Sem saber que levei
um cheirinho pra mim.

@>--'--

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"As algemas são tenazes, e meu coração dói quando tento quebrá-las.

Libertação é tudo o que desejo, mas eu me envergonho de esperar por ela.

Tenho certeza de que há em ti um tesouro sem preço, e que és meu melhor amigo. Mas não tenho coragem de varrer as quinquilharias que entulham meu quarto. O cobertor que me envolve é manto de pó e de morte. Eu o odeio, mas abraço-o com amor.

Minhas dívidas são grandes, minhas falhas são enormes e minha vergonha é secreta e pesada. Porém, quando venho pedir um benefício, tremo de medo de que minha súplica seja atendida."
(Tagore)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Eu quero uma poesia
Para sacudir a minha alma
Ferver o meu sangue
Sacar-me da inércia
Revolver as minhas mágoas
E peneirá-las todas
Separando as marcas a faca
Daquelas feitas a fogo

Eu quero uma poesia
Que desperte os meus sentidos
E quebre com os consensos
do meu peito
Que corroa todos os limites
E construa novos sabores
Divertindo-me com o amargo
Seduzindo-me com o azedo
Abandonando o doce
Mas deixando o mel.

Eu quero uma poesia
Sem penas
apenas.

@>--'--

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Viver a vida como uma obra de arte...

Minha bela rosa, conversando com um amigo, ele me perguntou o que eu queria dizer
com "viver a vida como uma obra de arte".
Acho que eu não soube me expressar bem (até porque esse amigo não sabe, mas ele me dá arrepios rsrsrsrs).
Esta expressão eu peguei (ou será que roubei) de um amigo, um ex-amor (que alívio poder dizer isso) que me ensinou muito sobre a vida, sobre a arte e sobre sentir.
Ele sempre me falava isso. Era sua meta, sua busca permanente, em qualquer setor da vida. Tentamos buscar isso juntos, mas nossas obras não conseguiram dialogar, eram períodos artísticos diferentes, e um dos artistas decidiu partir.
A expressão "viver a vida como uma obra de arte", entretanto, ficou. E vem me perseguindo pelos anos subsequentes.
Viver a vida como uma obra de arte é buscar imprimir poesia em tudo o que se faz.
É buscar a inspiração plena, a pincelada perfeita, a rima milionária...
É fazer de todos os dias, o último e o primeiro.
Dos beijos, os primeiros e os últimos.
É estar sempre pronto para partir, quando se aspira ficar para sempre.
É contradizer a música, e tornar "para sempre" em "todos os dias".
É desejar o outro como o primeiro e o último amor, mesmo que ele não seja nem um nem outro...
É estar perto mesmo longe.
É conquistar o outro todos os dias, sempre com a certeza de que pode ou não estar ali amanhã.
É sempre ter a consciência de que o outro é livre, e que por isso o "cada dia" é importante.
Admirar a liberdade do outro, assim como sua solidão.
Admirar-lhe o que é feio, insano e ridículo.
E se abrir ao desconhecido outro que nasce a cada manhã nele e em si mesmo.
Tudo isso, com a clareza de que isso é uma utopia, um eterno buscar. Que na consciência e permanência desse buscar é onde reside o pleno.

Não sei se piorei...
Pouco racional, eu sei.
Mas de que vale a racionalidade quando falamos de coração?
Particularmente, não me serve de nada.
E sempre me perco nos caminhos
quando tento utilizá-la.
O que acha disso minha rosa?

@>--'--

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

De amor e vento...

Você já sentiu o sabor do vento?
Já pôde sentir ele deslizando pelos seus poros,
acariciando sua face com delicadeza?
Já deixou ele tocar sua mão
e permitiu que ele a conduzisse por um instante?
Já sentiu ele roçar em suas costas,
espanar em sua nuca
mexendo avoaceiramente seus cabelos?
O vento te faz sentir
e depois segue.
Ele passa.
Mas por uma fração de tempo
ele nos deixa sensações deliciosas,
lembranças para nossa memória,
ou apenas bons momentos.
Eu jamais perdoaria o vento
se ele passasse
e não me permitisse senti-lo
ainda que por alguns instantes...
Entretanto,
Posso respeitar as escolhas humanas
ainda que
elas me pareçam
pouco demasiadas..............

"Então, Almitra disse: “Fala-nos do amor.”
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas..."
(Khalil Gibran - O Profeta)