segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Larguei meus sentidos pela sala
E não sei como retê-los
Devora-me o desejo por teus lábios
Devora-me o controle dos desejos

Recolhi meus pedaços de ansiedade
Espalhados por todo o ar
Deleito-me nas ilusões de meus sonhos
Deleito-me nos sonhos sem raízes

Despejei meu brilho sobre teu sorriso
E perdi a luz dos meus olhos
Procuro-me em todos os lugares
Procuro-me nos lugares teus.

@>--'--

domingo, 28 de dezembro de 2008

Quando a brisa entrou pela janela
Senti desejo pelo teu perfume
Busquei-te incessantemente
Até que o encontrei.

Saciada minha vontade
Desejei o desejo
do teu cheiro
E afastei-me de ti,
Até que o perdi.

Segui em busca do desejo
E me perdi no labirinto
de minhas próprias sedes.
Provei do vinho
das uvas
das sementes
E nada se assemelhou
ao teu perfume.

Uma brisa entra pela varanda
As notas do teu aroma
ainda estão presentes

Sinto um outro perfume
Sinto um outro desejo
E busco, sem querer perder.

@>--'--
Se a brisa te roubasse o cheiro
e dissolvesse teu perfume por todo o mar
As ondas, avermelhadas,
desprenderiam espinhos
com essência de jasmim.

@>--'--

domingo, 21 de dezembro de 2008


when I saw your look knew what waited us.

thus the wishes played at night

they sang sonatas and happy songs.

Amor...

Love is real , real is love
Love is feeling , feeling love
Love is wanting to be loved

Love is touch, touch is love
Love is reaching, reaching love
Love is asking to be loved

Love is you
You and me
Love is knowing
we can be

Love is free, free is love
Love is living, living love
Love is needed to be loved

(Love - John Lennon)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Cegueira


Sabor, cor, textura e formato abstrato.

Orientado e tateado.

Vejo-te cada vez que teu mundo toca minha pele.


Percebo passos salinos

Vozes e luzes desconfiguradas

Músicas atormentadas ao ritmo cigano


Limites infinitos ao alcance das ramificações de meu corpo.

Um estar só na multidão partida.

Um perceber emaranhado no toque do mundo em minha pele.

Vejo-te no silêncio do meu olhar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

...


Roubaram a poesia que adormecia em mim.

Pouco a pouco, sugam a seiva da inspiração

que alegra as noites sem Lua.

Os retratos da telenovela envelheceram,

o ambiente reluz um estranho ser.

Aprisionaram o calor dos meus lábios

com palavras envenenadas.

*




eternizei a ti nos versos e na mirra.


delimitei tua pele com cânfora,


e usei coroas de alecrim para enfeitar -te a face.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Dos Fantasmas...

"A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra é uma paisagem." (Lenine)

Você sabe o que é um fantasma?
Não, não um fantasma literalmente... de assombração.
Talvez a melhor pergunta seja:
Você sabe o que é ser um fantasma?
Fantasmas são aquelas pessoas que assobram nossas vidas
queiramos nós, ou não.
Você já foi um fantasma?
Eu sim.

Acredito que todas as pessoas têm seus fantasmas,
mas nem todas já foram um fantasma.
Ser fantasma é abrir mão da materialidade da presença
para transformar-se numa lembrança, boa ou ruim,
que atravessa muros, paredes, peles e músculos.
Ser fantasma é transitar pelo pensamento,
pelo ambiente, pelos sonhos
mesmo sem nunca ser visto.
O fantasma é apenas sentido,
às vezes lembrado, às vezes saudado,
às vezes querido.
Mesmo sem projetar-se fisicamente,
a presença do fantasma pode ser notada em
olhares perdidos, sorrisos sem hora,
lágrimas sem motivo
ou, simplesmente, nunca ser percebido.

Ser fantasma é estar ao lado, mesmo tão longe
é não depender do tempo ou do espaço
para estar lá.

Mas para ser fantasma mesmo...
Tem que incomodar.
Tem que ser um peso - mesmo que desprovido desse elemento físico
Tem que ser um caractere marcante na paisagem simbólica dos sentimentos
infernizando ou apenas catucando a vida de alguém - ou de "alguéns".

Para ser um fantasma, não é preciso muito
É preciso apenas ser amado
E não ter feito a escolha
ou não ter sido o escolhido.

Para deixar de sê-lo, também é assim... simples
É só parar de amar,
escolher esquecer,
seguir.

O lado bom de ser um fantasma?
Ser amado.
O lado ruim?
Ser apenas mais um fantasma.

@>--'--

"Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
a um quiosque, ao planetário
ao cais do porto, ao paço

O meu coração,
meu coração, meu coração
parece que perde um pedaço
Mas não me leve a sério
Passou este verão,
outros passarão
eu passo."
(Leve - Chico Buarque)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Das Escolhas III

Um amigo, meio sem querer
adivinhou que eu estava refletindo sobre "as escolhas"...
roubado diretamente de seu blog...
Obrigada sem querer! ;-)

“Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.”

(Ou isto ou aquilo – Cecília Meireles)

domingo, 9 de novembro de 2008

Das Escolhas...

Daqui desse momento
do meu olhar pra fora
o mundo é só miragem
a sombra do futuro
a sobra do passado
assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo
e transformar a perda
em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
eu quero estar cercado
só de quem me interessa
Às vezes é o instante
a tarde faz silêncio
o vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto
e é como uma saudade
de um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
atrasa o meu relógio
acalma minha pressa
Me dá sua palavra
sussurra em meu ouvido
só o que me interessa

a lógica do vento
o caos do pensamento
a paz na solidão
a órbita do tempo
a pausa do retrato
a voz da intuição
a curva do universo
a fórmula do acaso

o alcance da promessa
o salto do desejo
o agora e o infinito
só o que me interessa


É o que me interessa
Lenine - Labiata

Das Escolhas

"Give me reason, but don´t give me choice
Because I just will make the same mistake again"
(Same Mistake - James Blunt)

Você já fez uma escolha?
Claro que sim. Afinal, a vida é um sucessão infinita de escolhas.
Mas há muito mais do que escolher...
Escolher também significa ser uma escolha em algum momento.
Você já foi uma opção de escolha?
Tenho ainda mais certeza que sim.
Uma opção entre tantas outras que a vida apresenta...
Para alguém ou para a própria vida.
Você já deve ter sido uma opção de escolha daquele amigo
que necessita falar com alguém e escolhe te ligar...
Você já deve ter sido uma opção de escolha daquele chefe
que precisa de alguém competente ou paciente para realizar uma tarefa...
Você já deve ter sido uma opção de escolha de qual filho vai levar
a mãe no médico hoje...
(nesse caso alguns serão a única opção de escolha)
E tantos e tantos casos de escolhas e escolhidos (as) dessa vida.
Mas o mais importante de uma escolha talvez seja o seguir...
Depois dessa escolha, o que virá amanhã?
Escolher e ser uma opção de escolha é uma responsabilidade.
Sejamos responsáveis.
Ou sejamos apenas sensíveis.
Para que escolhas, escolhidos e não escolhidos possam seguir
se não escolhendo mas colhendo
flores no caminho
sem se machucar
demais...
só o suficiente
para escolher
seguir
novamente.

Eu escolho ser escolhida por você
e seguir...
@>--'--

domingo, 19 de outubro de 2008

Faces


Transformo-me com a frequência da Lua.
Permito que olhem apaixonados,
pintando a boca de rosas e os olhos de noite.
Desencanto os desprevenidos;
transfigurando-me em melancolia e rancor.
Surpreendo aqueles que se deliciam na beira-mar.
Nas poesias que recaem escritas na areia, e tocam
a face dos devoradores de vinho e chocolate.
Mas, há dias que me escondo até das estrelas.
Enterro-me nos lençóis de lembranças,
e vegeto por ausentes relacionamentos.
Fases como a lua, faces mascaradas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

...




faz-se em som a sombra


de teu silêncio.

cala-me as dores inconstantes


dos aromas perdidos.




guarda-te nas celas cobertas


de estrelas e escreve nos muros

a melodia de teus versos.

AMANTE

Foi na pele que
pintasse diariamente
o sorriso mórbido
de minha paixão.

escravizaste a aurora
perdida, que agoniza
na senzala da ilusão.

sem lei nem auforia
entreguei o corpo ao prazer
dilacerante das vozes e
chibatas.

sábado, 4 de outubro de 2008

NOITE

"Ronda" por planices e colinas
guia a noite pelas esferas salientes
concomitantemente furta as estrelas
para esconde-las na barra do vestido anil.

Com sorriso de lua, desperta olhares e pensamentos,
olhares pecaminosos,
pensamentos frutíferos,
enlaça o descrente com loucas ilusões.

um Jasmim de pés descalços
de laços e babados multicor
pétalas brancas e tatuada com rubor
um Jasmim que acumula
caminho e destinos rascunhados

flor de madrugadas à rondar
por jardins
deita na relva e imobiliza os descuidados
que se hipnotizam com teu dançar.
Tenho saudades dos ventos
E da brisa suave que sopra de lá
Tenho saudades das sombras
E da sensação de sonho daquele lugar
Tenho saudades dos beijos
Das nuvens e da lua velejando no mar
Tenho saudades dos espelhos
E dos sorrisos espalhados por todo o ar
Tenho saudades de tudo
Da areia, do sol
Da chuva, da água
De
viajar...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Estava a caminho de um jogo
Fui pegar o ônibus
Dia de domingo, não peque ônibus
Se estiver perto da praia.
Não há ônibus, há uma manada de gente
Espremida dentro de uma estrutura metálica.

Mas o que mais me agrediu
Naquela visão alegórica
Foi um baculejo
Feito nos outros jovens
Que vinham em direção a parada.
Vi de repente uma sirene,
Pessoas armadas descendo do carro
E os outros jovens de mãos na parede.
Dois ou três armados
Invadiram cada um dos corpos
Daqueles outros jovens.
Não consegui desviar meus olhos.
Sentia-me violentada.
Quando tudo acabou
Um soco me descia a garganta:
Para aqueles outros jovens
Isso era apenas
Normal.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Nos últimos tempos ando de fazer poemas de presentes aos amigos.
Hoje, porém, não consigo escrever um poema, acho que nem uma prece, mas quem sabe talvez uma crônica ou simplesmente uma história, uma pequena história.
Era uma vez um homem de cabelos compridos, meio agalegados e sorriso largo. Ele está diante de mim numa roda, onde todos estão de mãos dadas. Todos soltam as mãos e de repente ele começa a falar: “Olha o pato, olha o ganso”...
Algum tempo depois, estou diante deste mesmo homem. Só que desta vez em uma posição estranha... ele parece ter encolhido. Seu rosto é o mesmo, com um boné virado para trás, mas suas pernas estão reduzidas, suas mãos parecem maiores que o corpo e fogem de seu controle, com uma escova de dente escova a boca fechada. Seu nome até mudou...
O tempo, que segue passando, mostra-me novamente este homem. Desta vez ele está atrás de uma mesa. Tem o ar sereno, mas preocupado. Tem o computador, o ar-condicionado e a solidão presentes na sala.
Alguns milhões de segundos depois eu o encontro, numa festa cheia de senhoras idosas. Palavras bonitas, braço esquerdo levantado. Aquele velho indicador meio torto, a pulseira (de couro ou fitinha do senhor do bonfim?) e os longos cabelos soltos.
O tempo segue passando... E eu o vejo numa festa. Riso frouxo, fumaça, ironia e amigos a vontade. Parecia feliz.
E tantos encontros ainda tive com este homem. Algumas vezes dialogamos, outras silenciamos. Outras eu apenas o vi, outros ele apenas me viu.
Outros a gente apenas se olhou e seguiu.
Entre estas dezenas de encontros houve palavras, ditas e caladas; houve sentimentos demonstrados e ocultados; houve abraços, sorrisos e cachaças; e amigos, muitos amigos.
O homem de quem eu falo hoje completa mais um ano de sua existência. E eu agradeço ao meu anjinho da guarda por tê-lo colocado em meu caminho.
Um homem de fibra e de silêncio; de palavras e de violão; de terra e de cheiro; de contradições e de sonhos.
Um homem que muitos e muitas gostariam de cultivar a amizade – espero estar fazendo isso direito.
Um homem que muitos e muitas não entendem – eu já desisti de tentar..
Um homem que muitos e muitas apreciam e admiram – eu faço parte da lista.
Um homem que muitos e muitas tentam desencalhar – rsrs vou tentar ajudar.
Um homem que muitos e muitas no dia de hoje vão apenas dar os Parabéns e desejar Feliz Aniversário – tarde demais.

Muita força, muita luz e muito amor. Assim seja hoje, assim seja sempre.

<:o)

PS: História tem começo, meio e fim né? Pois é, não saiu..

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Celebração

O nosso mundo é cheio de ritos e assim também é o Jardim.
Hoje ele celebra, com cheiro e cor,
O nascimento da flor mais bela.

Flor, entre as flores
Eivada de amores
É flor que anda sempre em poesias.

Entre os amantes, como presente
Entre os poetas, como significante
Neste Jardim, como raiz.

Com pétalas vibrantes, vermelhas,
entre o sangue e o rubi
Com espinhos cortantes, afiados
entre a navalha e a espada

Sua seiva é miscigenada
com o doce e o salgado, com o suave e o abrupto
com o fosco e o brilhante,
com a perenidade da fenix e as intermitentes
gotas de orvalho

Ora és brisa
Ora és trovão

Mas sempre és a "Rosa Negra", enlaçada em beleza
E livre em palavras.

Celebremos o teu dia,
a tua noite,
a tua aurora.

A tua madrugada,
os teus sorrisos,
o teu suor.

Celebremos a tua vida,
a tua história,
o som da tua voz,
o encanto das tuas letras.

Celebremos o amor
que te persegue
por todos os lugares
até mesmo
onde
"o próprio amor vacila"*.

Com amor,
De um Cristal
De um Jasmim
De um Jardim
E de
Joanna Lessa
@>--'--

*alusão ao poema recitado no
CD de Maria Betânia - Maricotinha.

domingo, 31 de agosto de 2008

As noites podem ser surpreendentes
não são feitas só de estrelas, nuvens, céu
e nem só da lua
são feitas de palavras, sensações, suspiros
retornos a memória, revirando baús
de poesias recém vividas

As noites podem surpreender
com sonhos e pesadelos
com um ventro frio, forte
com um cheiro doce de inverno
despedindo-se

As noites podem trazer surpresas
flores a desabrochar
estrelas a cair
distâncias a quebrar
pássaros a sorrir.

As noites...
as distâncias...
Os pássaros.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

É difícil entender o tempo
Como ele passa arranhando o peito
Sem ressentimentos, sem culpa
Ele apenas machuca
Sem parar.

domingo, 24 de agosto de 2008

Mensagem

Não há nada, mas simples do que o prazer do proibido.
Do que o cansaço do corpo ao fim do orgasmo.
A emoção está no que remete os termos, não na força das palavras escritas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

e da duas

Escreve um poema
Inventa uma frase
Define a paisagem

Pede uma flor
Entrega uma rosa
Pode ser de amor

Conclui uma cena
Termina um soneto
Inverte o caminho

Canta um perfume
Cheira uma cor
Acaricia um olhar

Converte um passarinho
Rasga um arco-íris
Aprisiona uma brisa

Aperta uma nuvem
Mergulha numa árvore
Me abraça.

terça-feira, 12 de agosto de 2008


peço por favor
se alguém de longe me escutar
que venha aqui pra me buscar
me leve para passear

no seu disco voador
como um enorme carrossel
atravessando o azul do céu
até pousar no meu quintal

se o pensamento duvidar
todos os meus poros vão dizer
estou pronto para embarcar
sem me preocupar e sem temer

vem me levar
para um lugar
longe daqui
livre para navegar
no espaço sideral
porque sei que sou

semelhante de você
diferente de você
passageiro de você
à espera de você

no seu balão de São João
que caia bem na minha mão
ou numa pipa de papel
me leve para além do céu

se o coração disparar
quando eu levantar os pés do chão
a imensidão vai me abraçar
e acalmar a minha pulsação

longe de mim
solto no ar
dentro do amor
livre para navegar
indo para onde for
o seu disco voador

(Arnaldo Antunes)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

CORRER ...IA

Correr a ti ia
Correria a ti
Ao teu lado ia

Deixaria tudo a ti
Deixaria tudo por ti
Deixo em ti tudo que tenho em mim

TEUS

Um empurrão no corredor e teu calor no bolso.
Teu olhar carmim no espaço dançando,
Teus passos no percurso de tua sala.

Aqui, em mim, um prisioneiro sem redenção.
Planejo os encontros de teus girassóis com meus sons.
Desejo a ternura de tua doce melodia ao meu fim do dia.
As noites mais quentes, com teu florir bailar.

Canto aos jardins, que não mais possuirei um prazer,
Se a ti não puder esperar, e deleitar-me ao teu sono.
Um jardineiro infiel, com terras nas mãos e pés na lama.
Um amante fiel de tua primaveril beleza.

Fortes tropeços na rotina de teus afazeres.
Uma fornalha no corpo, e o teu retrato na frente.
Marcas de teus deslizes e de minhas fraquezas.

SERES




Seres humanos sem fatos,
Em calos flamingos.
Atos desumanos sem seres,
Sem poderes, sem pudores.
Aros e laços de animais desprovidos...
Desarmados de ética,
Desalmados de valores.

Seres volantes sem sentido
Sem direção, armados de ilusão.
Iluminados de pavores e caídos de amores.
Subjugados na terra e na carne.
Amaldiçoados em vida e pós-morte.

Seres inacabados,
Imortalizados em auto-retratos precários.
Formados por interminável vontade de errar.
Seres impuros
Impróprios de amores.
Seres humanos.

sábado, 19 de julho de 2008

A Ilha Desconhecida

"Disparate, já não há ilhas desconhecidas,
Quem foi que te disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas,
Estão todas nos mapas,
Nos mapas só estão as ilhas conhecidas,
E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura,
Se eu to pudesse dizer, então não seria desconhecida."
(José Saramago)

Tantas ilhas desconhecidas fazem parte de nossas vidas.
Ilhas de terra, envoltas de água.
Ilhas de carne e osso, envoltas de pele.
Ilhas de sonhos, envoltas de desejos.

Todas conhecidas, dos mapas,
dos cartórios, das mentes.
E desconhecidas para nós.

Conhecidas por toda parte
Que desconhecemos a todo momento.
Conhecidas de tempos
Que desconhecem-nos tanto.

Paisagens dos teus olhos
desconhecidas dos meus
Paisagens dos meus olhos
desconhecidas dos teus
Paisagens
desconhecidas de nós

Que precisamos conhecer.

"A Ilha Desconhecida
fez-se enfim ao mar,
à procura de si mesma".
(José Saramago - O Conto da Ilha Desconhecida)

domingo, 1 de junho de 2008

Peru...

Vou terminar rapidinho o Peru, afinal a viagem jà comecou...
Chego em Puno (o outro lado do Titicaca), de là vou para Cusco - o umbigo do mundo, segundo a traducao da palavra - de onde vou pra Machu picchu e volto. Acompanho a festa do Inti Raymmy e vou para Arequipa. De Arequipa a Lima e volto para o Brasil.
..........................

segunda-feira, 26 de maio de 2008

FOME

me alimenta a fome de teus caminhos
deixo-me embriagar nas marcas de teus vagos pensamentos
a boca me beija, e deixa o cheiro do sexo
o café borra a insônia da noite, ao lado do espelho.
as palavras não chegam ao ouvido
tranca com ferrugem no seio corroido.
o espelho volta a não me reconhecer.
a fome de teus ausentes caminhos
me alimenta e me envenena.

Essencial

Não há como mudar um único percentil
do jasmim, que avança no horizonte
que lança suas folhas contra o vento
e vesti o solo com pequeninas pétalas brancas.

nas pétalas desenhadas, traduz o destino
da Iansã que deixou o olhar aprisionar se.

por mais toques amadeirados ou citricos de
teus exoticos desejos, o aroma floral
invade casas e paisagens
ele não desfigura a natureza do jasmim

maravilha de odor, frescor de juventude
com agridoce sabor
uma sensual essencia imutavel de jasmim.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Da essência...

Querida Rosa...
Responda-me, responda-me...
Podemos mudar
a essência de um Jasmim?

Como pode uma flor pequenina,
delicada e frágil
ter seu aroma tão imbricado,
o qual não podemos transformar?

Que podemos colocar em sua água
para que sua seiva,
impregnada de romantismo e doçura
possa desfazer-se das suas fraquezas
vigorar seu caule e suas folhas

para que nao se desmanchem
numa brisa charmosa...
ou nos doces suspiros
de um beija-flor...

Responda-me, rosa minha
Responda-me.

@>--'--

segunda-feira, 12 de maio de 2008

...

Noite vacante
Que resvala pelas horas
Adormece meu olhar!
Traz as cores
das borboletas
esvoaçantes do dia

trilhas de asas
amarelas
onde me levarão?
@>--'--

domingo, 11 de maio de 2008

FANTASIA


QUANDO GOSTO!




ARRANHO,


MELO,


REMEXO...




SE QUERO!




QUEBRO TEUS NÃOS,


AVANÇO O SIANL,


DESEJO E


PECO...




E COMO PECO!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

........

Deleito-me na simplicidade dos teus olhos
E na fragrância do teu sorriso
Encanta-me o teu charme despretencioso
E as tuas mãos sempre livres
Prontas a cutucar-me.

Não és meu
E jamais serei tua
Pois somos livres.

Aprecio tuas asas,
Ainda que delas
só veja o cinza.
E tento exibir as minhas
Mesmo que por vezes
Elas se escondam.

Vou seguindo você
Pelas minhas ilusões
Nos rastros da noite
morna e tranquila
inquietante...

Vou seguindo-me
Pelos sonhos mais próximos
Viajando pela madrugada
Desenhando estrelas
Revirando letras
Traduzindo sentidos
Parando para sentir
o cheiro da flor
que encontrei no caminho.

Hum...
...aroma de jasmim
@>--'--

terça-feira, 6 de maio de 2008

Da simplicidade ... II


sabádo com amigos,

encontro não marcado

visita inesperada

abraço surpresa,

beijo relâmpago.




um carinho do gato,

um passeio com o cachorro

uma brincadeira com irmãos,

um sorrisso desconhecido.




a ultima fatia do bolo,

o doce no fim da noite;

a calda derramada do sorvete,

a pipoca dividida no cinema.




letras e versos compactuados

música de um casal apaixonado

choro nas despedidas

pranto nas chegadas.




corpos esquentados no amanhecer,

flores orvalhadas no madrugada

chuva ao fim da tarde

jardim na cidade.

Da simplicidade...

Doce de mamão geladinho
fruta tirada do pé
rede armada na árvore
folhas balançando no galho...

Paisagem da janela
com flores
com cactos
com terra
Céu límpido, azul anil
Mar infinito, verde esperança
Horizonte, encontro.

Barulho das ondas...
desenho na areia...
côco verde gelado
cheiro de maresia
banho de praia
gosto de sal
Pele, lágrima.

Olhar de encantamento
sorriso
mãos geladas
friozinho na barriga
abraço de urso
beijo de borboleta
mãos dadas
suspiros.

torta de doce de leite
[com crocante]
calda de chocolate
suco de laranja
batata-frita
pêssego com chantily
sabores, desejos.

dormir abraçado
acordar agarrado
cosquinha no pé
fazer cafuné
casal de namorados
passeio no parque
família reunida
filme comercial
cochilo depois da ceia
encontro do jardim
prazer, descanso.

poema de Mário Quintana
canção de roda
pirulito de chiclete
biscoito de leite
[com desenho]
picolé de morango
raspa-raspa de maçã
puxa-puxa
inocência, infância.

lembranças do passado
cartão de natal
diário perfumado
carta da melhor amiga
bilhetinho do bem-amado
recado na agenda
amigo criativo
caixa de recordações
retratos, canções.

Doce de mamão geladinho...
mensagem de carinho...
com aroma de jasmim.
@>--'--

sábado, 3 de maio de 2008

AGORA...


Meus pés enterrados na lama do parque;

Tua foto enlatada na parede da sala;

Tuas mãos ensangüentadas de sede...

Meu corpo enjoado do triste enredo,

Encarnado por vossos beijos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Das distâncias...

Minha amada Rosa,

Lembro-me, com bastante ternura, de certa vez que
me perguntaste: "o que é o amor?". Certamente não seria agora que me chegarias com uma questão mais fácil...

As distâncias...

às vezes estamos lado a lado e estamos tão longe
às vezes tão longe e tão interligados
mas estas são medições de espaço, que também podem ser pensadas no tempo..
As vezes anos parecem nunca ter passado
As vezes instantes, minutos, parecem uma grande distância.

E quando é que ela não existe?
Quando nao permitimos que as barreiras de medo e vergonha nos afoguem dentro de nós mesmos...
Quando diante do amor, da paixão, do encanto, permitimo-nos ser autênticos, sentir, sonhar... sorrir ou chorar...
Não deixando os orgulhos e rancores estagnarem nosso olhar,
Não deixando os tropeços do caminho esfriarem nosso sangue,
Sem deixar que o ingrediente que torna a vida dinâmica
nos torne estáticos.

É preciso se distrair, minha rosa...
E de repente... a distância se vai.

"Se você nao se distrai, o amor não chega
A sua música não toca
O acaso vira espera e sufoca
A alegria vira ansiedade
E quebra o encanto doce
De te supreender de verdade

Se você não se distrai, a estrela não cai
O elevador não chega
E as horas não passam
O dia não nasce, a lua não cresce
A paixão vira peste
O abraço, armadilha
(...)
Se você não se distrai
Não descobre uma nova trilha
Não dá um passeio
Não ri de você mesmo
A vida fica mais dura
O tempo passa doendo
E qualquer trovão mete medo
Se você está sempre temendo
A fúria da tempestade.

Hoje eu vou brincar de ser criança
E nessa dança, quero encontrar você
Distraído, querido
Perdido em muitos sorrisos
Sem nenhuma razão de ser
Olhando o céu, chutando lata
E assoviando Beatles na praça
Hoje eu quero encontrar você."

(Christiaan Oyens e Zélia Duncan)

@>--'--

Responda-me!



Sabe quando a distancia não existe?!

Em que momento o pensamento é livre e mágico...
sendo o pensamento de poeta,
ele terá força para mudar o tempo
transformar os lugares e
apagar as distancias?!

Quando a distancia não existe?

Por onde posso procurar a resposta, não consigo acha-lá...

Meu cristal, responda-me!

...



Deixem para os poetas a tarefa de descrever o mundo,

larguem em suas mãos a obrigação de emldurar nossas ações...

ao fim do dia veremos uma louca confusão e

seres rindo na terra molhada.

Aos poetas não se deixam tarefas marcadas.

a tinta cai sobre a tela aquarelada e invade a terra,

o poeta deita o corpo na tela e marca a pele com impressionismo.

Aos poetas deixam o tempo, não as tarefas!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Sentidos

                                 "roda mundo, roda gigante
roda moinho, roda pião (...)
nas voltas do meu coração"

Assim estrangula uma alma,
com flores sobre a mesa
e roupas desenhadas no chão.

Nas voltas de teus sentidos
em palavras ditas,
nas escadas e elevadores.

Assim enlouquece um coração,
maltrata e o provoca, em voltas e reviravoltas.
Sentidos de incertezas, de fuga e de teus amores ...

sábado, 26 de abril de 2008

Dos reencontros...


"A vida é a arte do encontro
Mas há tanto desencontro nessa vida..."
(Vinícius de Moraes)

Todos os dias nos encontramos
Com pessoas, conhecidas e desconhecidas
E passamos por elas
Seja abraçando, seja simplesmente dizendo "Bom dia!".

Mas tem dias que não encontramos
Aquela pessoa que compartilhou momentos
Emoções, ilusões, dúvidas, vitórias
E por vezes são muitos vários dias...

Até que a arte do encontro te envolve
Numa teia de nostalgia e lembranças
E de repente você está ali, sentada,
Treze anos depois.

"Faça uma lista dos grandes amigos
Quem você mais via a dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais..."
(Oswaldo Montenegro)

Mas a vida é a arte do encontro
E o homem é quem faz a obra de arte
Que nos encontremos mais,
Mesmo que não seja todo dia...
Que nos encontremos antes
de outros treze anos
Que nos encontremos.

@>--'--

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tem festa no jardim!!!

Hoje tem festa no jardim, Rosa Púrpura!

A Magnólia completa mais uma primavera
E mesmo longe, sentimos seu perfume
Brindemos!

A Magnólia é uma flor forte
De raízes profundas
Caule e folhas resistentes
Pétalas delicadas.

Ela vive por este mundo
Abrilhantando com suas cores
de tons quentes,
principalmente o vermelho...
de paixão
e luta.

Pois bem, minha flor
Saiba que por onde estiveres
Levas nossos perfumes e essência
Em sua companhia.
Por isso trate de ser feliz
E nós multiplicaremos essa felicidade
por todo o Mirabili Visu.

Com carinho e saudades
Um vidrinho perfumado...
@>--'--

domingo, 20 de abril de 2008

Uma tarde com a vida...

Minha amada Rosa,

Hoje sentei-me para contemplar a vida e ela tinha um cheiro triste de saudade, espalhado pelas paisagens da minha cidade, num entardecer que parecia infinito.
De repente raiou a lua, com papo de "boleiro", paixões avassaladoras e até mesmo um baile de números e letras.
Não, querida amiga, não enlouqueci completamente - ainda.
Apenas abri os olhos e lá estava a vida passando, charmosa e sagaz, diante de mim.
Pediu-me para sentar e observar. E eu, mais uma vez, obedeci.
Ah... essa sedutora...
Envolveu-me em seu véu de argumentos emocionantes;
Dissertou longamente sobre os sentimentos, dos mais eufóricos aos mais tenazes;
Explanou sobre as nuances do trabalho, do compromisso e da dedicação;
Apresentou-me suas obras, dos mais diversos movimentos artísticos;
E entoou uma canção juvenil, que falava de sonhos, desejos e entrega.
Ah minha amiga...
Por fim, ela despiu-se e retornou a seu canto...
Aqui, dentro de mim.
Deixando no ar um cheiro salgado, de mar...
De mar aberto, revolto, sem limites
Pronto a receber-me.
@>--'--

sábado, 19 de abril de 2008

Às vezes

Às vezes, por entre as palavras, eu o reencontro
Naquelas que me dizem para viver o dia,
O momento, o segundo, o último instante.
Ele me ensinou a não apenas existir,
A fazer da vida uma poesia.

Às vezes, por entre sons, eu o abraço
Nas canções que me trazem saudades
Que ontem, melancolia; hoje, nostalgia.
Ele me ensinou a me permitir
A fazer dos amigos, irmãos.

Às vezes, por entre sensações, eu o chamo
Nos sonhos que me trazem conforto.
Que ontem, eróticos; hoje, fraternos.
Ele me ensinou a refrear a ansiedade
A fazer dos impulsos, cautela.

Às vezes, por entre olhares, eu o contemplo
Naqueles dias que quero apenas viver o momento
Com ilusões e muito charme.
Ele não me ensinou nada.

Às vezes, eles ensinam.
Às vezes, eu aprendo.
@>--'--

Amantes de areia


Sal e mar

entre os lírios e as conchas

sabores de teus grãos


fostes sol e mar

calor e luar chuvoso

sabores de tuas formas moldadas


solidão e mar

amores apagados nas ondas

traços esquecidos na praia


amantes de areia

orgasmo partido e escaldado

de sal e luz.