sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

De amor e vento...

Você já sentiu o sabor do vento?
Já pôde sentir ele deslizando pelos seus poros,
acariciando sua face com delicadeza?
Já deixou ele tocar sua mão
e permitiu que ele a conduzisse por um instante?
Já sentiu ele roçar em suas costas,
espanar em sua nuca
mexendo avoaceiramente seus cabelos?
O vento te faz sentir
e depois segue.
Ele passa.
Mas por uma fração de tempo
ele nos deixa sensações deliciosas,
lembranças para nossa memória,
ou apenas bons momentos.
Eu jamais perdoaria o vento
se ele passasse
e não me permitisse senti-lo
ainda que por alguns instantes...
Entretanto,
Posso respeitar as escolhas humanas
ainda que
elas me pareçam
pouco demasiadas..............

"Então, Almitra disse: “Fala-nos do amor.”
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas..."
(Khalil Gibran - O Profeta)