segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Estava a caminho de um jogo
Fui pegar o ônibus
Dia de domingo, não peque ônibus
Se estiver perto da praia.
Não há ônibus, há uma manada de gente
Espremida dentro de uma estrutura metálica.

Mas o que mais me agrediu
Naquela visão alegórica
Foi um baculejo
Feito nos outros jovens
Que vinham em direção a parada.
Vi de repente uma sirene,
Pessoas armadas descendo do carro
E os outros jovens de mãos na parede.
Dois ou três armados
Invadiram cada um dos corpos
Daqueles outros jovens.
Não consegui desviar meus olhos.
Sentia-me violentada.
Quando tudo acabou
Um soco me descia a garganta:
Para aqueles outros jovens
Isso era apenas
Normal.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Nos últimos tempos ando de fazer poemas de presentes aos amigos.
Hoje, porém, não consigo escrever um poema, acho que nem uma prece, mas quem sabe talvez uma crônica ou simplesmente uma história, uma pequena história.
Era uma vez um homem de cabelos compridos, meio agalegados e sorriso largo. Ele está diante de mim numa roda, onde todos estão de mãos dadas. Todos soltam as mãos e de repente ele começa a falar: “Olha o pato, olha o ganso”...
Algum tempo depois, estou diante deste mesmo homem. Só que desta vez em uma posição estranha... ele parece ter encolhido. Seu rosto é o mesmo, com um boné virado para trás, mas suas pernas estão reduzidas, suas mãos parecem maiores que o corpo e fogem de seu controle, com uma escova de dente escova a boca fechada. Seu nome até mudou...
O tempo, que segue passando, mostra-me novamente este homem. Desta vez ele está atrás de uma mesa. Tem o ar sereno, mas preocupado. Tem o computador, o ar-condicionado e a solidão presentes na sala.
Alguns milhões de segundos depois eu o encontro, numa festa cheia de senhoras idosas. Palavras bonitas, braço esquerdo levantado. Aquele velho indicador meio torto, a pulseira (de couro ou fitinha do senhor do bonfim?) e os longos cabelos soltos.
O tempo segue passando... E eu o vejo numa festa. Riso frouxo, fumaça, ironia e amigos a vontade. Parecia feliz.
E tantos encontros ainda tive com este homem. Algumas vezes dialogamos, outras silenciamos. Outras eu apenas o vi, outros ele apenas me viu.
Outros a gente apenas se olhou e seguiu.
Entre estas dezenas de encontros houve palavras, ditas e caladas; houve sentimentos demonstrados e ocultados; houve abraços, sorrisos e cachaças; e amigos, muitos amigos.
O homem de quem eu falo hoje completa mais um ano de sua existência. E eu agradeço ao meu anjinho da guarda por tê-lo colocado em meu caminho.
Um homem de fibra e de silêncio; de palavras e de violão; de terra e de cheiro; de contradições e de sonhos.
Um homem que muitos e muitas gostariam de cultivar a amizade – espero estar fazendo isso direito.
Um homem que muitos e muitas não entendem – eu já desisti de tentar..
Um homem que muitos e muitas apreciam e admiram – eu faço parte da lista.
Um homem que muitos e muitas tentam desencalhar – rsrs vou tentar ajudar.
Um homem que muitos e muitas no dia de hoje vão apenas dar os Parabéns e desejar Feliz Aniversário – tarde demais.

Muita força, muita luz e muito amor. Assim seja hoje, assim seja sempre.

<:o)

PS: História tem começo, meio e fim né? Pois é, não saiu..

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Celebração

O nosso mundo é cheio de ritos e assim também é o Jardim.
Hoje ele celebra, com cheiro e cor,
O nascimento da flor mais bela.

Flor, entre as flores
Eivada de amores
É flor que anda sempre em poesias.

Entre os amantes, como presente
Entre os poetas, como significante
Neste Jardim, como raiz.

Com pétalas vibrantes, vermelhas,
entre o sangue e o rubi
Com espinhos cortantes, afiados
entre a navalha e a espada

Sua seiva é miscigenada
com o doce e o salgado, com o suave e o abrupto
com o fosco e o brilhante,
com a perenidade da fenix e as intermitentes
gotas de orvalho

Ora és brisa
Ora és trovão

Mas sempre és a "Rosa Negra", enlaçada em beleza
E livre em palavras.

Celebremos o teu dia,
a tua noite,
a tua aurora.

A tua madrugada,
os teus sorrisos,
o teu suor.

Celebremos a tua vida,
a tua história,
o som da tua voz,
o encanto das tuas letras.

Celebremos o amor
que te persegue
por todos os lugares
até mesmo
onde
"o próprio amor vacila"*.

Com amor,
De um Cristal
De um Jasmim
De um Jardim
E de
Joanna Lessa
@>--'--

*alusão ao poema recitado no
CD de Maria Betânia - Maricotinha.